Eduardo Fernandez; Eduardo Amorim. 2020. Croton spruceanus (Euphorbiaceae). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2020), com distribuição: no estado do Acre — nos municípios Acrelândia, Cruzeiro do Sul, Rio Branco e Sena Madureira —, no estado do Amazonas — nos municípios Presidente Figueiredo, Rio Preto da Eva e São Gabriel da Cachoeira —, no estado do Pará — nos municípios Capanema, Faro, Novo Progresso, Oriximiná, Quatipuru, Santarém, São Félix do Xingu e São Miguel do Guamá —, e no estado de Rondônia — nos municípios Guajará-Mirim, Porto Velho e Vilhena. De acordo com Caruzo (2010), a espécie não é endêmica do Brasil, ocorrendo também na Colômbia, Venezuela, Equador e Bolívia.
Árvore ou arbustos de até 3 m, não é endêmica do Brasil, ocorrendo também na Colômbia, Venezuela, Equador e Bolívia (Caruso, 2010). Aqui, foi documentada em Floresta de Terra Firme e Floresta Ciliar e/ou de Galeria associadas à Amazônia (Flora do Brasil 2020 em construção, 2020) presentes em 18 municípios distribuídos pelos estados do Acre, Amazonas, Pará, e Rondônia. Apresenta distribuição conhecida muito ampla no Brasil, EOO=2011854 km², mais de 10 situações de ameaça e presença em fitofisionomias que não se encontram ainda severamente fragmentadas. Poderia ser considerada Em Perigo (EN) por B2ab(iii), pelo AOO=92 km², e pela degradação de habitat em áreas em que foi registrada e provável declino número de situações de ameaça; porém, não possui especifidade de habitat, e foi documentada em regiões ainda insuficientemente amostradas, o que interfere no valor deste parâmetro e na sua utilização para avaliação do risco de extinção. Ainda, possui registros em áreas onde ainda existem na paisagem extensões significativas de fitofisionomias de ocorrência potencial em estado prístino e em áreas protegidas de diferentes esferas administrativas e níveis de proteção. Assim, embora o valor de AOO e padrão de distribuição sugiram vulnerabilidade, existem muitos habitats semelhantes onde a espécie pode vir a ser registrada. Adicionalmente, não existem dados sobre tendências populacionais que atestem reduções no número de indivíduos maduros, além de não serem descritos usos potenciais ou efetivos que impactem sua persistência na natureza. Diante deste cenário, portanto, a espécie foi considerada como Menor Preocupação (LC) neste momento, demandando ações de pesquisa (distribuição, tendências e números populacionais) a fim de se ampliar o conhecimento disponível e garantir sua perpetuação na natureza no futuro.
Descrita em: Hooker's J. Bot. Kew Gard. Misc. 6, 375, 1854. É afim de C. viroleoides, mas difere por ser a única espécie em Croton. seção Cleodora com um cálice gamosépalo pistilado inflado, mas além do cálice também pode ser distinguida de C. viroleoides vegetativamente por suas folhas mais ovadas e geralmente cordadas que não têm a cor vinácea marrom escura das folhas de C. viroleoides quando são secas (Riina et al., 2018).
Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.1 Ecosystem conversion | 2.1.3 Agro-industry farming | habitat | past,past,future | national | very high |
Nas últimas quatro décadas, o Brasil tem aumentado a sua produção e a produtividade agrícola de larga escala, com destaque para as commodities, cujas exportações cresceram consideravelmente nas últimas décadas (Gasques et al., 2012, Martorano et al., 2016, Joly et al., 2019). As estimativas realizadas para os próximos dez anos são de que a área total plantada com lavouras deve passar de 75,0 milhões de hectares em 2017/18 para 85,0 milhões em 2027/28 (MAPA, 2019). A Amazônia brasileira, com 330 milhões de hectares, possuía, em 2014, 4.337.700 ha (1,3%) de sua extensão convertidos em áreas agrícolas (TerraClass, 2020). Outra estimativa realizada em 2018, registrou 5.488.480 ha (1,6%) (MapBiomas, 2020) da Amazônia brasileira convertidos em áreas agrícolas. Em 2019, a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas na região Norte foi estimada em ca. 9.807.396 kg (IBGE, 2020). Apenas em abril de 2020, foram produzidos ca. 10.492.007 kg desses produtos agrícolas, o que representou um incremento de 7% em relação à produção anual do ano anterior (IBGE, 2020). A produção de soja é uma das principais forças econômicas que impulsionam a expansão da fronteira agrícola na Amazônia brasileira (Fearnside, 2001, Simon e Garagorry, 2005, Nepstad et al., 2006, Vera-Diaz et al., 2008, Domingues e Bermann, 2012, Charity et al., 2016). Segundo o IBGE (2020), na região Norte, em 2019, a produtividade da soja na região Norte foi de ca. 5.703.702 kg, enquanto em abril de 2020, já foram produzidos ca. 6.213.441 kg, representando um incremento de 8.9% em relação à produção anual do ano anterior (IBGE, 2020). Em abril de 2020, a cultura de soja foi responsável por 59,2% de toda produtividade agrícola na região Norte, seguida pelo milho, com 30,1% (IBGE, 2020). A soja é mais prejudicial do que outras culturas, porque estimula projetos de infraestrutura de transporte de grande escala que levam à destruição de habitats naturais em vastas áreas, além daquelas já diretamente utilizadas para cultivo (Fearnside, 2001, Simon e Garagorry, 2005, Nepstad et al., 2006, Vera-Diaz et al., 2008, Domingues e Bermann, 2012). | |||||
Referências:
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Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.1 Ecosystem conversion | 2.1.4 Scale Unknown/Unrecorded | habitat | past,present,future | national | high |
O município de Vilhena (RO), localizado no leste do estado Rondônia teve um crescimento acelerado da produção de soja. Entre 1991 e 2001 o município produziu 82% de toda a soja no estado. Segundo Brown et al. (2005) o aumento acelerado da produção foi causado principalmente pela mecanização na produção e pela conversão de áreas de pastagem em áreas de agricultura, segundo os autores, o município não teve desmatamento recente significativo. Os municípios de Capanema (PA), São Miguel do Guamá (PA) e Vilhena (RO) possuem, respectivamente, 5,72% (3557ha), 5,49% (6008ha) e 7,68% (89799ha) de seus territórios convertidos em áreas de culturas agrícolas, segundo dados de 2018 (IBGE, 2020). | |||||
Referências:
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Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.1 Ecosystem conversion | 2.3.2 Small-holder grazing, ranching or farming | habitat | past,present,future | regional | high |
No município de Presidente Figueiredo a pecuária encontra-se em desenvolvimento, com perspectivas de aumento futuro, particularmente a criação de bovinos. A área ocupada pela agropecuária situa-se ao longo das estradas BR-174, AM240, onde estão implantadas diversas fazendas e com uma predominância de pastagens, e ao longo das vicinais, onde se pratica predominantemente atividades agrícolas (Eletronorte e Ibama, 1997). | |||||
Referências:
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Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.1 Ecosystem conversion | 2.3.3 Agro-industry grazing, ranching or farming | habitat | past,present,future | national | high |
A pressão exercida pela extração da madeira e pela abertura de grandes áreas para pasto no município Novo Progresso possibilitou, com o passar dos anos, a conversão da pequena produção familiar agropecuária em grande pecuária extensiva (ICMBio, 2010). Em poucos municípios rondonienses a pecuária não se expandiu entre os anos de 2001 e 2006. Estes poucos municípios se localizam no sul do estado. Em grande parte do estado houve expansão do rebanho bovino, de maneira particularmente acelerada em uma faixa que se estende pelas microrregiões de Vilhena, Cacoal, Ji-Paraná, Ariquemes e Porto Velho, onde houve aumento superior a 50 cabeças/ km2 (Oliveira et al., 2008). Em São Félix do Xingu, ocorreram diversas intervenções para alteração de modelos de produção alternativos, com sistemas de produção diversificados e princípios agroecológicos (Schmink et al., 2017). Segundo os autores, essa transição mostrou-se falha devido à falta de apoio governamental, tornando ainda presente as práticas de monoculturas de pequenos agricultores e a criação de gado.Em poucos municípios rondonienses a pecuária não se expandiu entre os anos de 2001 e 2006. Estes poucos municípios se localizam no sul do estado. Em grande parte do estado houve expansão do rebanho bovino, de maneira particularmente acelerada em uma faixa que se estende pelas microrregiões de Vilhena, Cacoal, Ji-Paraná, Ariquemes e Porto Velho, onde houve aumento superior a 50 cabeças/km2 (Oliveira et al., 2008). | |||||
Referências:
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Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.1 Ecosystem conversion | 2.3.4 Scale Unknown/Unrecorded | habitat | past,present,future | national | high |
Os municípios Acrelândia (AC), Capanema (PA), Cruzeiro do Sul (AC), Novo Progresso (PA), Porto Velho (RO), Quatipuru (PA), Rio Branco (AC), São Félix do Xingu (PA), São Miguel do Guamá (PA), Sena Madureira (AC) e Vilhena (RO) possuem, respectivamente, 60,49% (109353,9ha), 38,81% (23858,8ha), 7,81% (68592,5ha), 11,78% (449547,1ha), 22,11% (753851,9ha), 6,01% (1961ha), 26,98% (238417,8ha), 18,44% (1552966,8ha), 37,89% (42062,3ha), 6,41% (152125,3ha) e 9,32% (109127,4ha) de seus territórios convertidos em áreas de pastagem, segundo dados de 2018 (Lapig, 2020). | |||||
Referências:
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Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.2 Ecosystem degradation | 3.2 Mining & quarrying | habitat | past,present,future | national | very high |
A capacidade inicial de produção de bauxita em Oriximiná (PA) foi de 3,35 milhões de toneladas anuais. A capacidade expandiu-se gradativamente, em função do aumento da demanda de mercado e da grande aceitação da bauxita produzida nas refinarias de todo o mundo. Atualmente a capacidade de produção instalada é de 18,1 milhões de toneladas ao ano - uma das maiores instalações do mundo. As minas operadas são Saracá V, Saracá W e Bela Cruz. Nelas, o minério encontra-se a uma profundidade média de 8m, coberto por uma vegetação densa e uma camada estéril composta de solo orgânico, argila, bauxita nodular e laterita ferruginosa (Mineração Rio do Norte, 2014). A cidade de Novo Progresso (PA) nasceu do extrativismo do ouro e cresceu a partir dele, atrelando-se, posteriormente, à exploração da madeira. A descoberta do filão de ouro, em 1984, levou Novo Progresso a ganhar uma nova dinâmica econômica, iniciando um grande fluxo migratório para o povoado. Nessa época começam a surgir as primeiras lojas de material para os garimpos da região, dinamizando a economia local, onde a moeda era o grama do ouro. Com a crise da garimpagem, no ano de 1990, o surgimento de fazendas para a realização de atividades agropecuárias aparece como alternativa de investimento, inclusive para populações garimpeiras, aumentando substancialmente as áreas destinadas a pasto e alimentando o setor madeireiro que se instala ali, como uma alternativa de fonte de renda (ICMBio, 2010). No município Presidente Figueiredo encontra-se uma importante jazida mineral de cassiterita localizada na sub-bacia do rio Pitinga. Considerada a maior jazida de cassiterita do mundo é explorada desde 1981 pela Mineração Taboca, do Grupo Paranapanema, de onde provém a maior parte da arrecadação de tributos do município. Esta mineração possui uma área de concessão de 122000 ha, dos quais 5 a 6% são explorados com lavra ou infra-estrutura, em 1995 está área era de aproximadamente 7728 ha, não considerando o reservatório da UHE Pitinga (Eletronorte e Ibama, 1997). O município de São Gabriel da Cachoeira contém reservas importantíssimas de minério (nióbio, manganês e fosfato) que estão sendo visadas para exploração, já possui rodovias dentro dos seus limites (Perimetral Norte e a Rodovia São Gabriel-Cucuí parcialmente construída), instalações militares, seis reservas indígenas, incluindo uma missão salesiana e está sofrendo invasões muito sérias por parte de garimpeiros (especialmente ao longo Rio Cauaburí) (Rylands e Pinto, 1998). | |||||
Referências:
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Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.2 Ecosystem degradation | 7.2.10 Large dams | habitat | past,present,future | regional | very high |
A Bacia do Rio Trombetas, localizada no município de Oriximiná, onde a espécie é encontrada, apresenta grande potencial hidrelétrico, sofrendo grande influência do governo federal que prevê em seu Plano Nacional de Energia a exploração dos rios Trombetas e Erepecuru para fins de geração de energia hidrelétrica. Os estudos já realizados na bacia projetam 15 empreendimentos hidrelétricos, estando 13 deles com estudos de inventário iniciados, um com estudo de viabilidade e um com projeto básico. Segundo o Plano Nacional de Energia 2030, a previsão de área total a ser inundada por tais hidrelétricas somaria 5.530 quilômetros quadrados, afetando significativamente as terras quilombolas da região (Andrade, 2011). | |||||
Referências:
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Ação | Situação |
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5.1.2 National level | on going |
A espécie ocorre em Novo Progresso (PA), São Félix do Xingu (PA) e Porto Velho (RO), municípios da Amazônia Legal considerados prioritários para fiscalização, referidos no Decreto Federal 6.321/2007 (BRASIL, 2007) e atualizado em 2018 pela Portaria MMA nº 428/18 (MMA, 2018). | |
Referências:
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Ação | Situação |
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1.1 Site/area protection | on going |
A espécie foi registrada na seguinte Unidade de Conservação: Floresta Nacional de Bom Futuro. |
Uso | Proveniência | Recurso |
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17. Unknown | ||
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais. |